A
falta de limites na educação das crianças tornou-se um problema alarmante, tudo
isso em razão da dificuldade que os pais de hoje encontram em dizer NÃO.
Eles
têm medo de parecerem rígidos demais ou de perderem o amor do seu filho, por
este motivo a maioria dos pais transferem aos filhos o poder de decisão.
Agora
não é hora de comer chocolate, mas ele quer... Hoje não é dia de levar
brinquedo na escola, mas ele não aceitou sair de casa deixando o brinquedo lá,
então ele trouxe!!!
Ele
deveria viajar no banco de trás, mas ele quer vir na frente... Ele não quis vir
de uniforme para a escola, por isso é que está com esta roupa de festa, foi ele
quem escolheu!!!
Os
pais não se dão conta de que cabe a eles orientar e proteger seus filhos.
Os
pais não conseguem conciliar disciplina com liberdade.
Só dizemos não àqueles
que amamos!!!
A
insegurança dos pais diante da imposição de limites é que está dando margem a
tantos distúrbios de comportamento.
O
dizer Não e conservar o Não resulta na construção da confiança
e da auto-estima.
Esta
atitude é uma prova imensa de amor!
Só dizemos Não àqueles
que amamos!!!
Os
limites fornecem uma base segura para o equilíbrio na vida pessoal. Saber
respeitar os limites impostos dentro de casa, no relacionamento entre pais e
filhos, é um aprendizado para a vida em sociedade.
Aquele
que em casa faz o que quer, na hora que quer, terá muita dificuldade de se
ajustar socialmente. Em consequência disso, irá sofrer muito, pois os pais educam com amor e a sociedade com
rigor, já dizia o sábio dito popular.
Vemos
hoje que os pais se sentem perdidos no seu papel de pais. Eles têm que
readquirir a percepção de que é sua responsabilidade formar cidadãos, evitando,
consequentemente, a marginalização do indivíduo. A hora de educar é agora,
amanhã o pai pode não mais encontrar o filho por perto.
Se
o pai ou a mãe permite que seu filho de 4 anos decida qual a melhor hora para
dormir, qual o melhor programa para assistir na TV, que ele coma no jantar o
que tem vontade, quando ele chega na adolescência já estará tão acostumado a
tomar decisões que não irá mais perguntar coisa alguma a ninguém. Sabe por quê?
Porque lhe foi permitido isso. Desde pequeno ele teve poder sobre si próprio. A
última palavra sempre foi a dele. Eram os pais que se curvavam diante das
decisões tomadas. Se ele tinha toda esta autonomia quando pequeno, por que
haveria de ser diferente agora que é adolescente?
O
que os pais não se dão conta é de que, quando seu filho era bem pequeno e saía
de casa para andar de patins, sua atitude era só chegar à janela e vê-lo na
rua. Agora ele cresceu, virou adolescente, ainda não tem carta de habilitação,
mas pega o carro e some e os pais não mais o enxergam pela janela. Ele não
pedirá o consentimento de ninguém porque nunca precisou...
Só dizemos Não àqueles
que amamos!!!
Temos
consciência de que, nos tempos atuais, a correria do dia-a-dia é uma constante,
mas o pai deve ter certeza de que aquilo que seu filho mais precisa é de que
esteja presente. Este estar presente não significa ficar lendo o jornal
enquanto ele brinca no tapete da sala, nem tampouco enchê-lo de presentes. Hoje
em dia, este tipo de comportamento já saiu de moda. Compensar a ausência
presenteando os filhos já é uma atitude por demais desgastada e ineficiente,
inclusive para a criança que manifesta sua insatisfação jogando de lado o
brinquedo que acabou de ganhar e já pedindo outro que ainda nãoi tem. Esta é
uma atitude de aversão dos filhos diante de tanta inércia dos pais.
Os
pais não lhes dão noções do que podem ou não podem fazer, sendo assim tudo lhes
é permitido. Vale lembrar que a educação de uma criança, futuro adulto, vai
além das muralhas familiares. Sabemos que a sociedade também exerce sua
influencia, mas se os pais dão aos filhos solo firme para pisar, se os filhos
sentem-se seguros junto a sua família, é lógico que a atuação da sociedade será
muito mais amena, preenchendo somente algumas lacunas. Diferentes daqueles que
tem pais omissos, fracos e distantes.
Só dizemos Não àqueles
que amamos!!!
Há
pais que lá na frente irão se perguntar: Onde
foi que eu errei? Eu lhe dei tanto amor!!! Mas amar demais não é erro, o
erro está justamente em não impor limites. O pai tem que ter a consciência de
que ele é o orientador. Ele deve criar regras e cuidar para que estas regras
sejam cumpridas e respeitadas. Desta forma, o pai estará preparando seu filho
para viver em sociedade e viver em sociedade nada mais é do que seguir regras
sobre regras.
A
escola também deve caminhar dando continuidade ao cumprimento de regras e,
consequentemente, limites para a formação da criança. Pais e escola devem
caminhar juntos, uma vez que as duas sociedades têm um mesmo objetivo: a
formação e o desenvolvimento da criança.
O
cumprir rotina é condição sine que non para alicerçar as atitudes tanto do
adulto quanto da criança. A escola pode e deve estabelecer os combinados, que
nada mais são que regras propriamente ditas: usar uniforme, cumprir os horários de chegada e saída, trazer o
material escolar, respeitar tanto os colegas quanto o(a) professor(a), diretora
e funcionários da escola, não mascar chicletes em classe, combinar o dia do
brinquedo, colaborar com a limpeza da sala de aula e outros quesitos
importantes e peculiares de cada instituição. Ao serem apresentados os itens
combinados, este será o melhor momento para se estabelecer as providencias que
serão tomadas caso haja descumprimento de algum destes itens. Ocorrendo a
infração, a escola terá por obrigação cumprir com a responsabilidade da
cobrança da consequência deste descumprimento. Não importam os motivos, e é
claro que sempre haverá um, bem como haverá também exceções, mas caberá ao
responsável o discernimento da veracidade do argumento, e o combinado terá que
ser cumprido. Se o professor ou responsável não desempenhar seu papel, é claro
que a criança também não desempenhará o dela. Quando não existe, por parte dos
pais e da escola, a exigência do cumprimento das regras pela criança, esta se
sentirá com caminho livre para fazer o que quiser. Há um ditado que diz tudo o
que não é proibido é permitido e ela fará uso deste ditado veementemente.
A
criança que não está acostumada a cumprir regras, ao chegar à escola e se
deparar com as que terá que cumprir poderá se revoltar. Será neste momento que
pais e escola terão que se unir para dar todo o apoio que esta criança
precisará.
Só dizemos Não àqueles
que amamos!!
Os
limites são ingredientes essenciais para que as crianças possam crescer
saudavelmente e para que se sintam preparadas para a vida adulta.
Precisamos
resgatar, o quanto antes, o verdadeiro conceito de limites, pois os pais de
hoje não sabem ao certo o seu significado e algumas escolas também não.
O
amor de um pai para com seu filho tem que ser incondicional, mas tem que ser
amor com limites.
Só dizemos Não àqueles
que amamos!!!
Cybele
Meyer
Graduada
em Artes Plásticas. Especialista em Educação Infantil e 1º ano.
Revista do
Professor, Porto Alegre, 22(88) 50, out/dez 2006
Postado por: Leila Scoralick - Pedagoga / Psicopedagoga do CEAMI
Postado por: Leila Scoralick - Pedagoga / Psicopedagoga do CEAMI
Nenhum comentário:
Postar um comentário