23 maio, 2012

A ANGÚSTIA

A angústia abre-nos para o futuro e para a indistinta possibilidade de tudo. Essa abertura para uma existência mais singular que a angústia desvela tende a se restringir, de início e na maior parte das vezes, sob a fachada lisa e fria da impersonalidade. Tal fachada corrobora aquilo que consideramos ser uma marca do contemporâneo: o encobrimento da angústia.

"Angústia e Existência na Contemporaneidade" - Jurema Barros Dantas

Postado por: Maria de Fatima Avila (Psicóloga)

06 maio, 2012

Trazendo os pais pelas mãos: em busca de um sentido para a terapia de crianças



Trabalho apresentado na I Jornada Paulista de Atendimento de Crianças em
Gestal Terapia no Instituto Sedes Sapientae

Ao longo de dezesseis anos venho recebendo crianças em meu consultório e venho
pensando sobre este aspecto do trabalho clínico. As dúvidas e questões sempre estiveram
presentes, mas com o passar do tempo foram mudando de cara, tornando-se mais austeras e
dirigindo-se à fundamentação do próprio atendimento infantil sob o ponto de vista da
psicoterapia. 
De um tempo pra cá, o que tenho mais insistentemente me perguntado é: “o que
quer uma criança quando me aparece no consultório?” ou “o que querem seus pais?” (
parece mais razoável?) ou ainda “do que precisam estas pessoas, umas maiores e outras
menores, quando juntas vêm procurar auxílio?”
Vêm em nome da menor, mas às vezes é só uma questão de tamanho, porque o
desamparo é o mesmo.. “crianças” grandes cuidando de crianças pequenas, num mundo de
adultos sérios e ocupados. Adultos formados a partir do abandono de suas crianças internas
que agora se vêem responsáveis por criar seus filhos: novas crianças, exigentes em sua
vitalidade e necessidade de serem educadas para poderem crescer e se desenvolver. (... são
crianças como você; o que você vai ser quando você crescer? Renato Russo)
Sabem de sua tarefa, mas não se sentem instrumentalizados e, sem instrumentos
adequados, pensam-se incapazes de realizá-la com sucesso. Tudo se complica quando um
pequeno começa a reclamar, gritar, espernear, não corresponder, não render, não se
adequar, sofrer.

A Evitação da Dor na Relação entre Pais e Filhos



RESUMO

Este trabalho pretende realizar uma reflexão sobre a dificuldade de se vivenciar o
confronto na relação entre pais e filhos. Nos dias de hoje, muitas famílias sofrem por não
estruturarem em sua história, um vinculo afetivo profundo que envolva intimidade, para a
expressão autêntica de sentimentos. A ausência deste espaço pode gerar
comportamentos e sentimentos que se transformam em dor intensa experimentada no
espaço terapêutico por crianças e adolescentes.
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Muito se tem escrito e discutido nos últimos tempos sobre essa relação tão delicada entre
pais e filhos na vida moderna. Nunca tantos livros e manuais foram publicados, nem
tantas entrevistas e palestras de especialistas foram solicitadas sobre este tema.
De fato, iniciar uma família planejada ou não, é uma grande aventura, imprevisível e sem
garantias. O ato de Ter um filho é, em si, único e singular, mas não estabelece de forma
imediata uma relação. Relação é um processo que vai sendo construído e pressupõe
disponibilidade, generosidade e, sobretudo, confronto.
Em geral, a tendência dos pais é pensar que a vinda de um filho firma uma relação já préestabelecida
por um vínculo validado por uma herança genética. Assim, fortalece-se a
falsa idéia de que “Pais e Filhos” já trazem em si uma ligação incontestável e não é
preciso um grande investimento para mantê-la ou cultivá-la, a não ser o cotidiano da
convivência familiar.